A Ford surpreendeu o mercado na terça-feira, 19, ao comunicar que fechará as portas de sua fábrica de São Bernardo do Campo, na região do ABC Paulista. Em nota enviada à imprensa, a companhia confirma que deixará de atuar no segmento de caminhões na América do Sul como parte de sua reestruturação global “para o retorno à lucratividade sustentável de suas operações na região”. Com isso, a empresa encerrará as atividades da unidade ao longo de 2019. A planta, que atualmente emprega 2,8 mil pessoas, era a responsável pela produção de caminhões da linha Cargo, F-4000 e F-350, além do modelo Fiesta, que está no fim da vida e que também terá a produção encerrada. A Ford deixará de vender esses modelos até que terminem seus estoques.
Em nota, a empresa afirma que a decisão foi tomada após meses pela busca de alternativas, o que segundo a Ford, incluía a possibilidade de parcerias e até venda da operação. Bastidores da indústria chegaram a apontar o interesse da DAF nos caminhões Ford, mas o assunto nunca foi adiante, pelo menos não oficialmente.
Ainda de acordo com a fabricante, manter o negócio de caminhões teria exigido um alto volume de investimentos para atender às necessidades do mercado e aos crescentes custos com itens regulatórios, como novas exigências do Proconve P8 ou Euro 6 que já está previsto para o Brasil a partir de 2023. Mesmo assim, a empresa argumenta que isso não garantiria um caminho viável para um negócio lucrativo e sustentável.
A Ford estima que essa decisão custará algo em torno de US$ 460 milhões a serem registrados como despesas não recorrentes no balanço da companhia em 2019. Este valor é parte dos US$ 11 bilhões em despesas, com efeito no caixa de US$ 7 bilhões, que a companhia prevê utilizar em todo o seu processo de reestruturação global. Do total a ser gasto no Brasil com o fechamento da fábrica de São Bernardo, cerca de US$ 360 milhões estão relacionados a compensações de funcionários, concessionários e fornecedores. Os demais US$ 100 milhões se referem à depreciação acelerada e amortização de ativos fixos.
“A Ford está comprometida com a América do Sul por meio da construção de um negócio rentável e sustentável, fortalecendo a oferta de produtos, criando experiências positivas para nossos consumidores e atuando com um modelo de negócios mais ágil, compacto e eficiente”, declarou em nota o presidente da Ford América do Sul, Lyle Watters. “Sabemos que essa decisão terá um impacto significativo sobre os nossos funcionários de São Bernardo do Campo e, por isso, trabalharemos com todos os nossos parceiros nos próximos passos, atuando em conjunto com concessionários e fornecedores, a Ford manterá o apoio integral aos consumidores no que se refere a garantias, peças e assistência técnica.”
No seu processo de reestruturação, a Ford determinou a redução em mais de 20% dos custos com funcionários e com a estrutura administrativa em toda a região. Além disso, o plano prevê foco no fortalecimento das linhas de veículos, com ênfase em SUVs e picapes. Para isso, prevê a expansão das parcerias globais, como a recente aliança que firmou com a Volkswagen para desenvolver picapes de médio porte.
Por fim, a Ford também decidiu encerrar a produção do Focus na Argentina.
Fonte: Automotive Business