Em dezembro de 2016 já se esperava um ano melhor mesmo porque se completou um quadriênio de baixas consecutivas: um tombo de quase 50% sobre o ano recorde de 2012 com 3,8 milhões de automóveis e veículos comerciais (leves e pesados). O Brasil chegou a ser o quarto maior mercado do mundo e caiu para oitavo.
O ano passado foi em particular importante porque a produção se recuperou de forma mais rápida graças às exportações, com reflexo positivo no nível de emprego da indústria. Os 762.000 veículos enviados ao exterior marcaram um recorde histórico (mais 46,5% sobre o ano anterior). Esse volume representou 28% da produção total de 2,7 milhões de veículos. Um percentual saudável seria exportar 30% da produção, desde que o mercado interno ajudasse com números mais robustos.
Em 2017 venderam-se 2,240 milhões de veículos que significaram recuperação de 9,2% (a coluna tinha previsto 9% há pouco mais de um ano). Em dezembro a média diária de comercialização foi de 10.633 unidades com apenas 31 dias de estoques totais, indicando bons ventos à frente. Em 2018, apesar de incertezas políticas e econômicas, a reação positiva continuará. Existe até uma rara coincidência sobre as previsões para este ano. Fenabrave (concessionárias) e Anfavea (indústria) estimam crescimento de 11,8% e 11,7%, respectivamente, do mercado interno de autos e comerciais. A Coluna aposta em percentual um pouco maior, 14,1%.
Este ano a Anfavea prevê produção de 3,055 milhões de unidades (mais 13,2%), das quais 800.000 exportadas (mais 5%) e mercado interno de 2,502 milhões de veículos. Percentualmente a maior recuperação (em torno de 35%) ocorrerá no mercado de importados com o fim do programa Inovar-Auto. Este impunha um acréscimo de 30 pontos percentuais do IPI para um volume acima de 4.000 unidades/ano para modelos que não fossem argentinos ou mexicanos.
O novo programa de diretrizes para a indústria, batizado de Rota 2030, é importante por ser mais longo, incentivar pesquisas e desenvolvimentos locais, além de projetar novas metas de eficiência energética para modelos nacionais e importados. Porém, este teve seu anúncio postergado para fevereiro de 2018. Esse conjunto de medidas será fundamental para um crescimento sustentável e, acima de tudo, previsível sem surpresas ou trancos. Se aprovado sob os termos longamente discutidos, é perfeitamente possível que em 2022 o Brasil retorne aos níveis de mercado de 2012 completando o ciclo de 10 anos perdidos. A indústria automobilística enfrentou quatro crises graves de mercado (incluindo essa) desde seu primórdio, em 1956.
O que se pode esperar em 2018 é um ano com muitos lançamentos, tanto de produtos locais e regionais (Argentina e México), como de outras origens. Serão mais de trinta entre inéditos ou de nova geração. Destaques para os nacionais: VW Virtus, Fiat Cronos, Toyota Yaris, Citroën Cactus. Os importados: Ford Mustang, Audi A8, BMW X3, VW Tiguan, Kia Stonic, Volvo XC 40, Jaguar E-Pace, Honda CR-V, Jeep Wrangler e Renault Alaskan. As repaginações, também numerosas: VW Golf, Ford Ka e Honda City são apenas algumas.
Fonte: Automotive Business